A ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) em campanha com outras organizações lançaram um “manifesto” a obesidade “#Cuidar de todas as formas” com um olhar em especial para os cuidados com a obesidade, a obesidade afeta grande parte da população mundial, e é considerada um fator de risco para muitas doenças, também considerada uma questão de “saúde pública”, e neste engajamento hoje resolvi ir um pouco mais além, falar da gravidez na obesidade, pois nós sabemos que esse é um momento muito especial mas também uma fase muito delicada para mulher, neste fase o seu corpo se transforma todo para receber e abrigar a nova vida a ser gerada em seu interior, hormônios e diversas reações bioquímicas estão presentes nesta fase em que a mulher se doa e se transforma. E a obesidade pode ser um fator de risco em diversas patologias, então também deve ser considerada no período de gravidez, porque todos nós sabemos que o excesso de gordura corporal leva a prejuízos na saúde, e a obesidade está diretamente ligada a síndrome metabólica. Não estou aqui falando de estética corporal, devemos respeitar “todas as formas”, e sim dos prejuízos causados por excesso de gordura, que pode levar a várias complicações clínicas como hipertensão, DPOC, apneia do sono, residência a insulina.
E Março é o mês da mulher, também 4 de março foi o Dia Mundial da Obesidade, uma data de alerta, com foco em saúde e controle de patologias causadas pela obesidade. Mas me diga, o que é Obesidade?
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo. É uma doença multifatorial, abrangendo fatores genéticos, metabólicos, sociais, ambientais, econômicos, comportamentais, culturais e demográficos. A OMS define a obesidade como a concentração excessiva de gordura que pode prejudicar a saúde do indivíduo, tornando-se assim um problema de saúde pública.
Mas e na gestação?
A obesidade materna e o ganho de peso excessivo na gestação estão associados ao aumento de complicações antenatais, intraparto, pós-parto e complicações neonatais, elevando os riscos de ocorrências como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, os riscos de indução do trabalho de parto, de cesarianas, de hemorragia puerperal, crescimento intrauterino restrito, recém-nascidos grandes ou pequenos para a idade gestacional, além de expor a criança a maior risco de complicações a curto e longo prazo. Em recém-nascidos, além da macrossomia fetal, os mesmos podem apresentar dislipidemia, hipoglicemia neonatal, trauma fetal, defeitos do tubo neural, prematuridade, sofrimento fetal, risco aumentado de aspiração de mecônio. A taxa de malformações fetais é maior em mulheres obesas do que naquelas com peso normal. E o risco aumenta ainda se a gestante for fumante e consumir álcool na gravidez. O excesso de tecido adiposo parece interferir no metabolismo dos folatos, o que explicaria a maior incidência de defeitos do tubo neural entre as obesas, mesmo naquelas que recebem suplementação de ácido fólico nas doses recomendadas, na gestação o ritmo cardíaco juntamente com o respiratório da gestante aumenta para levar oxigênio ao feto. O útero devido sua vascularização demanda maior aporte sanguíneo podendo elevar ao dobro essa demanda, e ainda pode elevar a pressão arterial de algumas gestantes.
Diversos artigos relatam ainda não conhecemos todos os mecanismos fisiopatológicos e quais são os mediadores envolvidos na associação entre obesidade materna e desfechos obstétricos adversos. Por isso o médico obstetra dever ficar atento e não minimizar as queixas das gestantes, que por sua vez podem ter dificuldades de sono, edemas, retenção hídricas entre outras e no caso de apneia do sono essas interrupções na respiração podem prejudicar não somente a gestante em seu sistema cardiovascular como também o bebê que poderá receber uma quantidade de oxigênio menor dando risco ao seu desenvolvimento.
Há riscos maiores, mas se a mulher for bem orientada e controlar a ingestão de calorias, o cenário pode ser bem diferente, sabemos que a demanda energética de nossas mamães aumenta durante a gravidez e lactação. Mas na gravidez não é o momento de fazer dieta.
Isso significa que o certo é que o ponteiro da balança suba mesmo, mas com limites de tolerância diferentes. “Enquanto no geral as mulheres podem engordar entre 11 e 16 quilos, quem tem obesidade deve ganhar entre 5 e 9 quilos” tendo essa evolução preferencialmente após o 1 trimestre de gestação.
A gravidez envolve necessidades nutricionais específicas que afetam não apenas a mãe, mas também o desenvolvimento do feto. Portanto, a alimentação adequada da gestante é de vital importância para ela e para a saúde do bebê que está sendo gerado.
Estudos comprovam que a obesidade é um importante fator de risco para diversas doenças crônicas não transmissíveis, como dislipidemia, hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica, alguns tipos de câncer (incluindo mama, ovários, endométrio, próstata, rim e cólon) e outras repercussões graves a médio e longo prazo.
“Gestantes obesas têm até 40% de chances a mais de ter pré-eclâmpsia, a hipertensão que ocorre durante a gravidez”
Outro vilão é o diabete gestacional, quando o corpo temporariamente não dá conta de processar o açúcar que ingere. É que o acúmulo de gordura vai dificultando a ação da insulina, hormônio responsável por colocar a glicose para dentro das células.
“Se ela já desenvolveu resistência à insulina antes de engravidar, é uma forte candidata a ter diabete na gestação e também um aviso de que poderá desenvolver a forma crônica depois se não continuar controlando a dieta”
Trombose e disfunções da tireoide são outros perigos relacionados à obesidade na gestação, assim como a deficiência nutricional. “Verificamos na prática que cerca de 40% das gestantes obesas apresentam deficiência de ferro, 20% apresentam carência de ácido fólico e 5% apresentam deficiência de vitamina B12”, expõe Indiomara Baratto, nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
E, é claro, investir em refeições coloridas, variadas e equilibradas, com cereais integrais, carnes magras e laticínios pobres em gordura. Frutas, legumes e verduras são mais do que bem-vindos em todas as refeições do dia, que aliás devem ser feitas de três em três horas, em pequenas porções. Até mesmo para evitar os vômitos muito comuns na gestação. A boa mastigação e comer com calma também podem contribuir para evitar os vômitos, gengibre e limão consumidos moderadamente também são um recurso para evitar os enjoos principalmente no primeiro trimestre que ocorrem com maior intensidade. O fracionamento da dieta ajuda bastante nestes casos. Carboidratos podem e precisam ser ingeridos, em quantidade menor e de preferência nas versões integrais e em tubérculos como a batata, mandioca, alimentos ricos em B6 como banana, castanhas, melancia, evitar sempre alimentos muito condimentados e a pratica de atividades leves com orientação médica é um grande auxilio para uma gestação saudável.